
A JA! organizou um momento de intercambio e troca de experiências entre associações comunitárias da Província da Zambézia, com as quais tem vindo a trabalhar há mais de 10 anos.
O intercâmbio envolveu membros da Associação comunitária ACODEMUZO e das associações em volta do monte Mabu. ACODEMUZO foi estabelecida em 2005, envolve as comunidades de Muzo, Aliwa e Mualama, no distrito de Mocubela-Maganja da Costa e detém uma das poucas concessão florestal comunitária atualmente no país, um exemplo de persistência e de organização comunitária; As associações comunitárias em redor do Monte Mabu, no distrito de Lugela, foi estabelecida com apoio da JA! em 2016 e envolve associações de Namadoe AANA, Nangaze ACONAZ, Limbue Nifugule Mento – ANIME, Nvava Wiwanane Wa Nvava – WIWAN, Associação da Mulheres de Limbue (AMULI), Associação de Mulheres de Namadoe (AMUNAMA), Associação de Mulheres de Nvava (AMUNVA) e Associação de Mulheres de Nangaze (AMUNA).
O intercâmbio facilitado e acompanhado pela JA! envolveu a visita de 4 membros da ACODEMUZO, duas mulheres e dois homens, às Comunidades de Limbue e Nvava, onde foram recebidos e acolhidos por membros das associações comunitárias locais. O dia de chegada foi o momento para se conhecerem, para discutir o plano de trabalho e ainda relembrar o protocolo e todos cuidados necessários devido à actual situação da pandemia da COVID-19.
No primeiro dia de intercâmbio foi feita a visita ao campo de demonstração de Sistema Agroflorestal de Limbue, onde o Sr. Ogaste, presidente da Associação Nifugule Mento explicou todo o processo de estabelecimento da machamba agroflorestal comunitária que resultou do primeiro treinamento agroflorestal envolvendo 4 comunidades do Monte Mabu.

Ogaste, explicou como foi aberta e preparada a machamba, salientando o facto de não ter sido usada a queimada para abertura e limpeza da mesma e ainda a importância da colaboração e participação de vários membros da comunidade. Mostrou com orgulho e satisfação as árvores de fruto já estabelecidas e falou ainda dos desafios encontrados, como a perda de algumas árvores, a necessidade de manter os membros da comunidade activos, unidos e responsáveis pelos cuidados da machamba. De seguida, foi o momento das visitas as capoeiras e de perceber como as associações comunitárias se organizaram para levar a cabo o projecto de criação de galinhas que tem tido bastante sucesso ao nível das 4 comunidades. Foram visitadas capoeiras de 3 famílias beneficiárias, e estas explicaram todo o processo desde a identificação dos beneficiários, construção das capoeiras com apoio das associações até aos cuidados a ter com as mesmas. Foi importante verificar que houve nos últimos meses uma grande mortalidade de galinhas, na sua maioria devido ao incumprimento do calendário de vacinação contra a Newcastle. Embora, com impacto negativo representa uma importante lição para as famílias pois a mortalidade deveu-se claramente a desleixo por parte de algumas famílias julgando desnecessária a vacinação.

O segundo dia foi inteiramente dedicado a conhecer a produção de mel, já com resultados bastante positivos e encorajadores, sob a liderança da Associação Wiwanane Wa Nvava. Começou-se por visitar as colmeias, sempre acompanhados pelas explicações de todo o processo por parte dos presidentes da associação comunitária e de mulheres, respectivamente, o Sr. António e a D. Elisa.

Depois da visita às colmeias, dois membros da ACODEMUZO tiveram ainda a oportunidade de se equiparem e participar de todo o processo de cresta, prensa do mel e produção da cera para posterior uso. Todos os participantes tiveram oportunidade para experimentar o mel produzido, e os membros da ACODEMUZO puderam ainda levar consigo uma amostra para partilhar com os seus membros.

O intercâmbio entre estas comunidades foi considerado por todos os participantes um enorme sucesso, pois para além de visitar, participar activamente nas actividades e perceber como foram iniciadas e como tem sido levadas a cabo, representou um importante momento de aprendizagem para todos os presentes. Os membros da ACODEMUZO partilharam com todos como tem sido a sua experiência, os inúmeros desafios da exploração florestal e o enorme problema que representa a exploração ilegal de madeira na sua área e inclusive na sua concessão. A realidade destas associações é bastante diferente, a Floresta Mabu continua bastante protegida, por estas comunidades e pelo difícil acesso à mesma. Manito Coutinho, membro da ACODEMUZO, alertou aos seus companheiros das associações do Monte Mabu, se quiserem de facto ver a sua floresta reconhecida e legalmente estabelecida como área de conservação comunitária, não podem esperar apenas a resposta do governo, não podem esperar apenas do apoio e trabalho do parceiro JA!, devem ir atrás dos seus sonhos, nem que para isso tenha que viajar a Maputo exigir resposta ao seu pedido, devem se necessário dormir em frente ao gabinete do Sr. Ministro até ter o seu pedido atendido.
Neste intercâmbio foram estabelecidas relações de amizade e partilha, ficou a promessa de um próximo momento!
