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Mano Azagaia – Até sempre!

Ontem, dia 14 de Março, teve lugar no Conselho Municipal da Cidade de Maputo a cerimónia de despedida do mano Azagaia. O conselho municipal e arredores ficaram inundados de pessoas, desde familiares, amigos, colegas e fãs para prestar a sua última homenagem, até alguns dos próprios “vampiros” lá estiveram para se certificar que o “incomodo” partiu… Mas estes últimos foram surpreendidos, pois Azagaia partiu, mas antes de o fazer tocou fundo em cada um de nós, acordou em muitos a voz que tem sido calada pela opressão e pela intimidação e todos entoavam…povo no poder…povo no poder… povo no poder…

Foi uma cerimónia muito emocionante, as inúmeras imagens a circular na internet demonstram claramente o quanto Edson da Luz, Azagaia, era amado e admirado por tantos, de todas as idades, cores, estratos sociais… Azagaia cantava as vergonhosas verdades do nosso país consciente das consequências mas pronto a dar a cara pelo que acreditava! Azagaia cantava o que todos nós sentimos num momento em que cada vez temos menos espaço para manifestar as nossas inquietações, a nossa revolta a assistir os “vampiros” a afundar o país que tanto amamos! Azagaia é povo!

O povo juntou-se à família e aos amigos, seguiu o cortejo fúnebre ao longo de todo o trajecto. O povo assustou o sistema, os “vampiros” ficaram incomodados com tanto “povo” junto, tantos a cantar “povo no poder”. E quando os “vampiros” se enchem de medo, medo do povo, medo do povo unido e de olhos abertos usam das suas armas e poder para nos calar! E mais uma vez a Unidade de Intervenção Rápida surge com todo o seu aparato militar, carros blindados e armados até aos dentes, apenas para impedir a passagem do cortejo fúnebre. Esta UIR serviu apenas para travar e manchar um momento tão difícil e doloroso, obrigar a esposa, filhas e familiares a parar, a travar as lágrimas e engolir o choro, para sair dos carros e implorar perante estes que a deixassem enterrar o seu marido! Que demonstração tão vergonhosa de força bruta, de intimidação ao povo, de completa falta de “educação” e carácter! A quem serve esta unidade? Que situação neste cortejo merecia este aparato? Quando o povo se junta seja lá para o que for, neste caso para chorar e despedir-se do seu irmão, a UIR sai para a rua para travar, para oprimir, para mostrar que quem manda é que tem as armas!

E onde estão eles quando somos assaltadas, violadas, assassinadas? Onde está a UIR quando tantos e tantos moçambicanos são raptados? Quando clamamos pela ajuda da Polícia nunca os vemos, não tem meios, não tem combustível, não tem recursos humanos suficientes para garantir a nossa segurança mas sempre tem para garantir a nossa opressão. Quando o povo se junta, a UIR está sempre pronta! Juntamo-nos para celebrar a vida e obra do Azagaia, para chorar a sua morte e lá vem eles, com as suas armas, blindados, arrogância e força bruta… Vieram para fazer o quê? Garantir a segurança e manutenção do poder dos “vampiros”?

Estamos mais uma vez indignados com a actuação das forças policiais! Mas mais ainda com quem dá as ordens para que estes “cobardes armados” actuem contra o povo!

Eu falo em nome da declaração universal dos direitos humanos

Falo em nome da constituição que rege os moçambicanos

Eu nem sequer sou formado em direito

mas sei que me manifestar neste país é meu direito

contra policia violenta, disparo o artigo quarenta

se a lei não representa eu preparo o oitenta

depois o trinta e cinco, quarenta e oito, quarenta e três

aprendam de uma vez estado não são só vocês

ilustres funcionários com interesses partidários

Perto de exonerá-los por esse tipo de comentários

Capaz de provocar uma febre nacional

Imaginem se se convocar uma greve geral

Haverá tanta policia, para tanta justiça?

Gás lacrimogéneo para tanto oxigénio?

Haverá tanta água, para tanta mágoa?

Até quando a ditadura numa nação democrata? “ Azagaia, MIR Música de Intervenção Rápida

A opressão nunca conseguiu suprimir nas pessoas o desejo de viver em liberdade” – Dalai Lama

Apenas a opressão deve temer o exercício pleno das liberdades” – José Julián Martí Pérez

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