Uma vez mais a nossa visita à comunidade de Hapala teve repercussões sobre os membros desta comunidade com os quais conversamos. Uma vez mais denunciamos o visível descontentamento destas pessoas e o abuso sistemático a que têm sido sujeitos por determinados funcionários da Portucel no Distrito do Ile, permanecendo ainda a dúvida se o fazem a mando de alguém ou a título individual. Na altura a nossa denúncia foi feita ao Chefe do Posto Administrativo de Socone, explicamos ainda que as comunidades continuam a reclamar as suas terras de volta, pois perderam tudo em troca de promessas que serviram apenas para convence-los a ceder as suas terras, pois estas até hoje não foram cumpridas. Estas comunidades nunca souberam que podiam recusar-se a ceder a sua terra. Denunciamos ainda publicamente através do nosso artigo “Portucel – A eterna espera pela tão prometida vida melhor”, e mal saímos do terreno recebemos informação de que pelo menos dois dos membros da comunidade com quem estivemos a conversar tiveram visitas inesperadas e indesejadas nas suas próprias casas, de três (3) funcionários identificados da Portucel. Segundo os membros da comunidade visitados, estes funcionários da Portucel perguntaram insistentemente o que a JA! pretendia, o que conversaram e porquê se reuniram convosco. Uma destas pessoas, é o próprio líder da Comunidade de Hapala, com o qual não tivemos conversa alguma, fizemos sim uma breve visita de cortesia ao mesmo, e conforme o nosso ultimo artigo sobre esta matéria, percebemos de imediato que este estava apreensivo em falar fosse o que fosse, pela presença de um outro, o tal que nos tirou a fotografia as escondidas. Mesmo assim, o líder de Hapala teve que se justificar aos funcionários da Portucel em questão, para esclarecer que de facto foi mesmo uma visita de cortesia, como se algum cidadão tivesse que responder as estas questões em sua própria casa. Isto é claramente intimidação, e não vamos deixar passar, vamos denunciar sempre!
Estes mesmos três (3) funcionários não satisfeitos com a pouca informação que conseguiram extrair do líder e sabendo que tivemos sim um encontro com membros da comunidade, foram então à casa de uma viúva idosa que participou do nosso encontro restrito, para colocar a esta na sua própria casa as mesmas questões. Chegaram inclusive a arrancar das suas mãos a brochura que partilhamos, devolvendo apenas quando esta protestou e depois de mais uma fotografia. Esta mulher camponesa esteve presente no nosso encontro restrito, partilhou connosco o seu sentimento de frustração por ter sido enganada, de desespero por hoje nem sequer ter terra suficiente para produzir como fazia, e de tristeza porque segundo a mesma perdeu tudo que mais de valor tinha, a sua terra, a sua vida tranquila. Esta mulher falou-nos do que sente, falou-nos que só quer a sua terra de volta. Esta mulher falou-nos ainda que quer respeito, repetiu inúmeras vezes “também somos pessoas, queremos respeito”. Falou-nos também dos abusos a que tem sido sujeitos por funcionários da empresa, a falta de respeito com que são tratados, que são inclusive insultados, chamados de “Namukwaneba”, maluco na língua local.
Tem sido recorrente estes actos de intimidação e até de ameaças aos membros da comunidade que mais protestam, estes actos já foram no passado denunciados aos escritórios da Portucel Moçambique em Maputo, e foram negados e ignorados, foram inclusive denunciados ao Gabinete do Provedor de Justiça e mereceram alguma atenção, mas a impunidade mantem-se…
Os actos de intimidação e de ameaça tem vindo a agravar-se, antes eram visitados por apenas 1 funcionário, agora são 3, alguns membros da comunidade já ameaçados de que se continuarem a referir os nomes dos funcionários envolvidos serão sujeitos a um processo em tribunal por difamação, outros já foram chamados a responder no Comando Distrital da Polícia por manter encontros abertos com a equipe da JA!.
O nosso trabalho não é feito em segredo, os nossos encontros são em espaços abertos da comunidade, e as estruturas locais tem as nossas credenciais e conhecem o nosso trabalho. Por falar em estruturas locais, já fizemos chegar toda a informação aqui partilhada ao Chefe do Posto Administrativo de Socone e solicitamos a sua urgente intervenção. Este agradeceu a informação e garantiu-nos que irá brevemente ao terreno com a sua equipa de trabalho, reunir com os membros daquela comunidade para averiguar a situação, tendo inclusive aberto a possibilidade de fazermos parte da equipa para acompanhar o processo.
Aproveitamos este momento para dar um recado a esses intimidadores em referência, que se querem saber o que fomos lá fazer, venham perguntar-nos, não nas nossas casas, no nosso escritório! Mas estes agem como cobardes, esperam a nossa saída e vão questionar a viúva idosa, na sua própria casa… quem pensam que são? Vão intimidar um líder comunitário porque este está ao lado da sua comunidade, e compram todos os que conseguem para actuar como espiões a troco de quê? talvez um telefone apenas… ou das tais actividades de responsabilidade social que só recebe quem se cala!!! Vergonhoso!
A JA! não é a única organização a denunciar estes abusos, nem tão pouco a denunciar que estas comunidades não só não estão melhores de vida, como de facto perderam o pouco que tinham.
A intimidação não vai conseguir calar todas as vozes! Não nos calam! Quanto mais intimidação, quanto mais ameaças e actos de intimidação mais alto vamos gritar, mais longe vamos buscar justiça para todas estas pessoas.
Chega de impunidade!
[…] have been unjustly dispossessed of their land, given false promises of rural development and intimidated for giving interviews to NGOs. On top of this, eucalyptus plantations are being developed on some of the last remaining areas of […]
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[…] have been unjustly dispossessed of their land, given false promises of rural development and intimidated for giving interviews to NGOs. On top of this, eucalyptus plantations are being developed on some of the last remaining areas of […]
[…] unrechtmäßig enteignet, mit falschen Versprechungen zu ländlicher Entwicklung abgespeist und mit Einschüchterungen davon abgehalten, mit Nichtregierungsorganisationen zu sprechen. Dazu kommt, dass die Eukalyptus-Plantagen auf einigen der letzten Flächen des empfindlichen […]