O petróleo e o gás estão a alimentar a guerra da Rússia com a Ucrânia

O pior aconteceu – a Rússia entrou em guerra com a Ucrânia, e depois do crescente número de mortos, o que faz disto uma farsa ainda maior é que já podia ter sido evitada há muito tempo. Mas a ganância da Europa e dos EUA pelos combustíveis fósseis não só permitiu que isso acontecesse, como é um factor central. Em 2021, o GNL Russo representava 20% das importações de GNL da Europa. Só em Novembro de 2021, os Estados Unidos importaram da Rússia cerca de 17,9 milhões de barris de petróleo bruto e produtos petrolíferos. Em Maio de 2021, os EUA importaram 26,2 milhões de barris de petróleo bruto da Rússia, o seu volume mais elevado de sempre no período de um mês.

Foi somente depois de 137 Ucranianos terem sido mortos no final da quinta-feira, e de milhares de manifestantes terem de sair às ruas de Moscovo e de outras cidades, que o Presidente dos EUA Joe Biden e o Primeiro-Ministro do Reino Unido Boris Johnson impuseram sanções mais severas aos bancos e empresas de combustíveis fósseis Russos. Antes disso, tratava-se apenas de ameaças. Mas será que a Rússia alguma vez cedia a estas ameaças? Claro que não, porque sabe que no final, os países Ocidentais vão querer continuar a beneficiar dos seus recursos de combustíveis fósseis.

Por exemplo, na bacia de Angoche em Moçambique, a ExxonMobil, a 5ª maior empresa Norte-americana, tem uma concessão conjunta com a Rosneft, a companhia petrolífera estatal Russa para explorar combustíveis fósseis. Esta empresa conjunta foi acordada em 2015, após muitos anos de ameaças dos EUA de sancionar a Rússia. Este empreendimento provavelmente não será afectado por estas sanções, uma vez que a ExxonMobil é uma empresa privada.

Se os EUA e os seus aliados realmente quisessem, poderiam ter contribuído para a prevenção desta guerra muito mais cedo. Cento e noventa soldados Russos estavam estacionados ao longo da fronteira Ucraniana durante meses, o resultado de anos de ameaças verbais. Mas não, os países Ocidentais queriam gás e queriam-no agora, independentemente das implicações. As suas ameaças de sanções contra a Rússia eram uma piada, considerando que estavam a beneficiar a economia Russa durante anos ao adquirirem o seu gás. Mesmo depois das promessas feitas na COP26, continuaram a investir neste combustível fóssil, o que fez superar a sua retórica mentirosa de fazerem qualquer coisa para proteger o seu próprio povo e a população da Ucrânia contra o que eles chamam em público, o monstro que é a Rússia. A Europa e os EUA não são apenas hipócritas, mas cúmplices na destruição de cidades inteiras, nas detenções de manifestantes e nas mortes de civis, cujo número só podemos esperar que não aumente.

Tal como em muitos conflitos violentos e fatais em todo o mundo, os combustíveis fósseis têm contribuído para esta devastação. O mundo precisa de parar de utilizar os combustíveis fósseis quando existem fontes mais do que suficientes de energia renovável para manter o mundo a girar. O gás e o petróleo não estão apenas a matar a terra e o clima – desde a Ucrânia a Moçambique, da Tanzânia à Venezuela, as empresas de combustíveis fósseis estão a matar pessoas inocentes, a arruinar comunidades e a empurrar as economias para uma dívida profunda. Não aos combustíveis fósseis! Não à guerra!

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