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Justiça Ambiental entrevista a Organização de Trabalhadores de Moçambique Central Sindical, por ocasião do 1 de Maio, Dia Internacional do Trabalhador

thumbnail (1)Entrevista a Damião Simango, membro do secretariado, responsável pelas relações internacionais e porta-voz da OTM-CS

Justiça Ambiental (JA!):

Caro Damião, obrigada por esta oportunidade de conversa. Sabemos que a Organização dos Trabalhadores de Moçambique – Central Sindical (OTM-CS) é a maior entidade representativa dos trabalhadores no país. Pode nos falar um pouco do que é a OTM e como se estrutura?

Damião Simango (DS):

A OTM é a central sindical mais antiga e mais representativa de Moçambique. Estamos em todas as províncias e em alguns distritos. Congregamos diversos sindicatos nacionais (15) que incluem o sindicato dos funcionários do estado, e também a associação dos trabalhadores da economia informal. No total, e pelas estatísticas de 2018, somos cerca de 145 a 150 mil membros. Na sua estrutura, a OTM também tem uma estrutura representativa das mulheres e outra dos jovens.

Existem outros sindicatos independentes, como o dos professores e jornalistas. Outra importante federação sindical é a CONSILMO, a Confederação Nacional de Sindicatos Independentes e Livres de Moçambique.

JA!:

Qual é a vossa missão?

Damião Simango (DS):

A OTM é uma congregação que dá a voz aos trabalhadores em Moçambique. Lutamos pela defesa e promoção dos nossos direitos e interesses sócio-profissionais, junto às entidades empregadoras e através do contacto permanente com organizações do Estado e outros actores sócio-profissionais e económicos.

JA!:

Indo directo ao assunto, aproximamo-nos do dia do trabalhador, 1 de Maio. Na situação em que vivemos actualmente, devido à pandemia do COVID-19 e as medidas tomadas para tentar contê-la, de que forma o trabalho da OTM é afectado por esta situação?

Damião Simango (DS):

Esta situação impacta-nos de muitas formas. Por exemplo, em condições normais, nesta altura provavelmente estaríamos nas negociações em torno do salário mínimo, mas estas foram suspensas por causa do COVID-19. Estas negociações estão previstas por lei, que prevê que anualmente deve haver um reajuste nos salários mínimos.

Claro que, por um lado, podemos compreender a fragilidade das empresas neste momento devido à pandemia, no entanto, a nossa preocupação é o trabalhador. Gostaríamos de, em contrapartida, particularmente durante a pandemia, ter a garantia da manutenção dos postos de trabalho e pagamento dos salários.

Devemos notar que, apesar de não se aumentarem os salários, a pressão sobre os salários já baixos dos trabalhadores aumentou – não só devido ao incremento dos preços dos produtos essenciais, como também pelo surgimento de novas demandas e despesas extraordinárias, como as máscaras, materiais de limpeza e higiene, etc.

JA!:

E quais são as vossas principais preocupações face ao cenário actual?

Damião Simango (DS):

Neste momento da pandemia, o que mais nos preocupa é o futuro dos trabalhadores. Em Moçambique não temos, por exemplo, um subsídio de desemprego ou uma segurança de rendimento para estas situações, principalmente para os grupos mais vulneráveis. Apenas o subsídio de emergencia básico previsto pelo INSS (Instituto Nacional de Segurança Social), e o subsídio de acção social previsto pelo INAS (Instituto Nacional de Acção Social), que varia entre Mts 540 e Mts 1050. Portanto se esta situação se prolongar por mais 3-4 meses, o que isto vai significar para os trabalhadores? Isto preocupa-nos muito, devido ao impacto que provavelmente terá nos trabalhadores e, consequentemente, na sociedade. Alguns impactos disto poderão ser um intensificar da pobreza, desigualdade, violência doméstica, criminalidade, entre outros.

JA!:

Recentemente, um grande número de organizações e indivíduos da sociedade civil, incluindo a OTM-CS, publicou um documento de posicionamento a respeito do Estado de Emergência. Este documento contém algumas propostas concretas para o governo, incluindo na área de emprego e protecção social. Quais são as vossas demandas neste momento? (Este posicionamento pode ser consultado em: https://aliancac19.wordpress.com/)

Damião Simango (DS):

De forma ampla, nós exigimos que o governo desempenhe o seu devido papel de protector social, que se torna mais urgente que nunca devido à situação de crise. Queremos que não sejam tomadas nenhumas medidas sem que se pense concretamente como é que os grupos sociais irão implementá-las, em particular as camadas mais vulneráveis.

O INSS tem evoluído bastante nos últimos tempos. Por exemplo há alguns anos, para se registar no INSS, teria que ser através da entidade empregadora. Isso já evoluiu, agora o trabalhador informal pode se registar no INSS de forma independente. Mas é preciso continuar a evoluir, principalmente no sentido de ampliar a abrangência da protecção social, que alcança ainda poucas pessoas, e adoptar medidas concretas para lidar com esta crise.

Sabemos que os empresários tudo farão para proteger as suas empresas, e alguns poderão até mesmo aproveitar-se desta crise para lograrem outros intentos que em condições normais não poderiam. Temos noção que a CTA (Confederação das Associações Económicas de Moçambique) tem um grande poder de influência sobre o governo, e já há tempos que temos observado uma pressão por medidas que contribuem para a precarização do trabalho e do trabalhador. No entanto, temos que perceber que as medidas propostas pelas empresas e demais entidades empregadoras não serão suficientes para lidar com esta crise, é fundamental que o governo intervenha com medidas de protecção social. O que nós exigimos, portanto, é que o governo possa dar uma resposta concreta a estas questões, e que as medidas negociadas não sejam em qualquer circunstância em detrimento dos direitos dos trabalhadores e da sua protecção social.

JA!:

Esta crise causada pela pandemia COVID-19 vem evidenciar também uma série de outras crises, de desigualdade, pobreza, precariedade do trabalho, etc, tanto a nível de Moçambique como a nível global. Como é que vê a interligação destas crises com o sistema sócio-económico predominante, o capitalismo neoliberal?

Damião Simango (DS):

As crises são oportunidades – isto pode até soar mal, mas é verdade. As oportunidades apresentam-se de diversas formas, e esta é uma delas. Temos a oportunidade de repensar o papel do Estado e, de forma mais ampla, o modelo de desenvolvimento que seguimos. Antes, a maioria das pessoas estava convencida que este modelo, por ser o mais praticado actualmente, é o que responde às nossas necessidades. Agora é hora de despertarmos, e percebermos que este modelo não nos serve. E foi, neste caso, o sector da saúde que evidenciou isto – vemos milhares de mortes nos Estados Unidos, principalmente da população mais pobre, porque têm um sistema de saúde privado.

Precisamos de resgatar um papel fundamental do Estado, que é o seu papel protector da sociedade, garantindo a sobrevivência do seu povo. Este papel, que tem sido fragilizado devido ao modelo económico vigente, não se pode perder. É agora o momento ideal para o Estado desempenhar o seu papel protector, independentemente das pressões impostas pelo sistema de mercado.

Sabemos que o sector empresarial conta com forte apoio, fundos e especialistas para defender as suas posições. Nós não contamos com o mesmo apoio – mas sabemos o que queremos! Queremos a sociedade e os trabalhadores protegidos pelo Estado. Não haverá qualquer saída viável, justa e produtiva desta crise sem os trabalhadores.

Muito obrigada pela vossa disponibilidade para conversar conosco, e estamos em solidariedade com a vossa luta!

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Violaçao de direitos humanos pela empresa Mozambique Holdings Lda. em Lugela

Em 2015 as terras que pertenciam à Madal, no Distrito de Lugela na Província da Zambézia, foram trespassadas para a Mozambique Holdings Lda, uma transnacional de capital indiano que desenvolve inúmeras actividades entre estas a mineração, venda de material militar, construção de estradas, transporte e logística. Em Lugela o objectivo da Mozambique Holdings Lda é a plantação de árvores, seringueiras, para exportação e a produção de borracha.

Desde a sua entrada na área, tem sido reportados vários casos de conflito entre os membros das comunidades locais, nomeadamente de Nvava, Limbue Sede, Namadoe e Nangaze. Os conflitos e problemas relatados pelos afectados tem sido diversos, desde casos de conflito de terra, à falta de respeito com que os gestores da empresa tratam os membros das comunidades, até mais recentemente proibição de passagem por caminhos e vias que atravessam a sua área mas sempre foram utilizados pelas comunidades pois não há vias de acesso alternativas. Segundo as comunidades a relação com o pessoal gestor da Madal era positiva, como não utilizavam toda a sua área e permitiam que as comunidades locais estabelecessem as suas machambas, casas e cemitérios da família em determinadas áreas, e assim foi ao longo de inúmeros anos… Com a chegada da Mozambique Holdings Lda. tudo mudou e as machambas, casas e cemitérios foram retirados, largas áreas de vegetação completamente destruídas para dar espaço às suas árvores… mas ninguém apresenta a documentação do processo de trespasse de DUAT, do processo de licenciamento ambiental, nada… nada que a Lei prevê que seja informação pública é pública de facto.

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As comunidades não têm esta informação! Os chefes locais não têm esta informação e o governo a nível central simplesmente não dá acesso a esta informação!

No passado dia 26 de Abril pelas 7 horas da manhã quando um membro da comunidade de Nvava, seguia da comunidade de Namadoe onde tinha estado num funeral de regresso à sua comunidade, utilizou uma das vias que passam na área da Mozambique Holdings Lda e encontrou-se no caminho com três senhores, supostos “chefes” indianos que o agarraram, começaram a baterna área da Mozambique Holdings Lda.-lhe com um pau de bambu, retiram-lhe a camisa e amarraram-na ao seu pescoço e foi espancado por estes três indivíduos com o pau de bambu. Isto simplesmente porque estava a atravessar um dos caminhos de terra batida

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O agredido foi ao hospital, os pontos focais das associações comunitárias foram ao local e chegaram a falar com os três agressores que confirmaram sem nenhum receio que bateram sim porque ele passou ali. O caso foi denunciado à Polícia de Tacuane, que se mostrou bastante preocupada e a seguir a situação; e ainda aos chefes de posto locais que pouca ou nenhuma importância deram ao assunto, talvez seja porque a empresa supostamente traz “desenvolvimento” ou talvez porque sempre se pode apanhar algumas migalhas!

Este não foi o primeiro caso de conflito, houve casos anteriores em que membros da comunidade foram impedidos de passar por essas vias, casos em que foram retiradas as suas enxadas e só muito mais tarde e com a intervenção das associações e que foram devolvidas, constantes insultos e falta de respeito… estes casos têm sido apresentados aos chefes de posto e às autoridades locais, mas estes pouco ou nada fazem pelas comunidades!

Srs. Que se acham impunes e acima da Lei, este caso não vai cair no esquecimento!

Não vamos permitir de modo algum que estes incidentes continuem! CHEGA!!!

Não à impunidade corporativa e Violação de direitos humanos!

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Comunicado

A Justiça Ambiental tem acompanhado com preocupação a situação da pandemia do Corona Virus pelo Mundo. A situação actual é extremamente preocupante e dramática, neste momento o Corona vírus já se espalhou por 197 países do mundo, com cerca de 387 354 casos confirmados e 16 758 mortes.

Estamos solidários com todos os Países que sofrem neste momento, que se desdobram em esforços para conter esta pandemia. Estamos igualmente solidários e gratos a todo o pessoal médico que tem estado na linha da frente no combate a esta pandemia, a solidariedade e dedicação destes profissionais de saúde pelo mundo tem sido uma mostra do que de melhor a Humanidade tem.

Infelizmente Moçambique ja foi oficialmente confirmado com tcinco casos positivos de Covid-19, o que deve ser motivo mais do que suficiente para intensificar todas as medidas de prevenção necessárias para evitar a propagação deste vírus. Com vários países em África já com casos positivos, e outros tantos a tomar medidas sérias de contenção como o encerramento das suas fronteiras, particularmente as fronteiras com países com inúmeros casos é urgente que o nosso governo tenha coragem e tome medidas mais radicais de modo a conter o alastramento do novo Corona vírus pelo país, nem que isso implique o fechamento temporário de todas as fronteiras. De que estamos à espera?

Por um lado temos observado alguns países de África, antes de ter casos confirmados, como Angola, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe a fechar as suas fronteiras e os aeroportos, como medida de contenção e demonstrando que têm consciência da sua vulnerabilidade, relativamente à falta de estruturas e recursos para fazer face a uma pandemia. Por outro lado, é muito preocupante, quando sabemos que em Moçambique não pararam de entrar, todos os dias pessoas vindas de países com elevadíssimos índices de contaminação, como a China, Itália, Portugal, Espanha…etc. E que até ao momento o que lhes era solicitado é que fizessem a quarentena domiciliar voluntária. E quem cumpre? Quem verifica se há cumprimento desta medida? Sabemos igualmente que muitos não a cumprem. Realisticamente, o que podemos esperar?

Porém, como cidadãos deste país temos plena consciência das inúmeras e graves fraquezas do nosso sistema nacional de saúde, e a preocupação de muitos moçambicanos é visível. Vamos alegar que não tivemos tempo para nos prepararmos? Vamos trazer a nossa lista de insuficiências para justificar porque fomos incapazes de conter esta pandemia? E o foi feito até ao momento para evitar a todo o custo esta pandemia no nosso país?

Só no dia 23 de Março, é que o nosso Governo apresentou algumas medidas mais concretas como o encerramento de todas as escolas no país, o cancelamento de encontro com mais de 50 pessoas, e a quarentena obrigatória a todos os que entram em Moçambique. Porém, como cidadãos deste país temos plena consciência das inúmeras e graves fraquezas do nosso sistema nacional de saúde, e a preocupação de muitos moçambicanos é visível.

Institucionalmente, a Justiça Ambiental (JA) tem cumprido com as normas e medidas de higiene e cuidados dentro do nosso escritório, todo o pessoal está devidamente informado e sensibilizado para evitar a propagação do Corona Vírus. Igualmente foram canceladas todas as viagens internacionais, todas as reuniões fora do País, encontros na JA, e assim como as 3 reuniões que a JA! estava a organizar em Maputo com convidados internacionais. Paramos com os trabalhos de campo, para evitar qualquer contaminação com as comunidades rurais que trabalhamos e estamos a acompanhar atentamente a situação.

Acreditamos e defendemos que a prioridade nestas situações, pandemia global com inúmeros países em estado de emergência, é o bem-estar das pessoas, e que todos e cada um de nós é responsável por minimizar os impactos desta pandemia, temos que pensar como colectivo, temos que agir como um colectivo, temos que resgatar urgentemente o sentimento de comunidade e de solidariedade, este vírus já nos mostrou que estamos todos conectados, no entanto, alguns de nós são muito mais vulneráveis, tais como os idosos e pessoas com algumas condições e temos que nos proteger para assegurar que os protegemos também, pensar e agir como colectivo e não só no EU, mas em toda a humanidade. Com certeza esta pandemia terá impactos gravíssimos sobre a economia capitalista como a conhecemos e queremos acreditar que esta enorme desgraça pode ser uma oportunidade única para uma profunda análise e transformação global da forma como temos vindo a destruir, poluir e dizimar ecossistemas, espécies e a reavaliar o impacto da Humanidade no planeta, e consequentemente em nós mesmos como Humanidade.

Estamos com receio, estamos com receio pelos nossos mais vulneráveis, estamos com receio pela nossa família, por nós, pelos nossos colegas, vizinhos, pelas comunidades rurais com as quais trabalhamos, pelos moçambicanas e moçambicanos, pela humanidade…

Numa crise como esta, é que muitos começam a dar valor ao que é importante. Acreditamos que juntos encontraremos maneiras de trabalhar, partilhar as nossas preocupações, compreender as necessidades de cada um, os nossos medos e apoiar uns aos outros para seguir em frente, com as diferenças e o contexto de cada um de nós. Acreditamos ainda que o melhor de nós irá prevalecer…

Precisamos de ser solidários, e mais do que nunca, precisamos de estar juntos, com empatia, bondade, apoio e igualdade entre a nossa equipe, nas nossas comunidades, na nossa cidade, a nível nacional e internacional.

Apelamos aos comerciantes que não se aproveitem desta crise, inflacionando os preços dos bens de consumo de modo a maximizar lucros às custas da desgraça e do medo, como temos visto vezes sem conta neste e noutros países. O mesmo apelo vai para às farmácias, pois já se vê cobrarem 2000.00mts por 500ml de álcool. Apelamos ainda a todos os moçambicanos que sejam conscientes do que realmente necessitam, pois a grande maioria não tem condições para comprar a grosso e armazenar.

Apelamos às clínicas e hospitais privados, que pensem nas vidas das Moçambicanas e Moçambicanos acima de qualquer lucro, e que se aproximem do governo e se disponibilizem a receber e acomodar pacientes, ou então que o governo tome a iniciativa , como se viu na Espanha, em que o governo nacionalizou temporariamente, todas as empresas privadas de assistência medica para melhor gerir a pandemia. Em situações de crise as gritantes desigualdades ainda se mostram mais expostas e mais injustas.

Apelamos a sociedade no geral para que cumpram de forma rígida e restrita todas as medidas de prevenção e contenção anunciadas até ao momento, sempre que possível permaneçam nas suas respectivas casas e evitem saídas ou deslocações desnecessárias.

Apelamos ao nosso governo, se tivermos que chegar a situação duma quarentena obrigatória, que apoie os seus cidadãos, como muitos dos exemplos que temos, de vários países em suspenderem os pagamentos de taxas, dívidas, água , energia e muitos outros fornecimentos básicos, durante a quarentena obrigatória.


Apelamos ao Governo que tome todas as medidas necessárias para evitar a propagação deste vírus no nosso país, de modo a evitar uma grande tragédia. Embora já tenham sido tomadas algumas medidas, julgamos que a situação que temos acompanhado nos outros países exige maior seriedade. Que também veja em como acomodar e dar alimentação aos mais desamparados e em maior risco.

A partir desta terça- feira, 24 de Março, o escritório da JA! estará temporariamente encerrado ao público, todo o pessoal técnico estará a trabalhar a partir de casa da melhor forma possível. Continuamos a manter contacto com os nossos parceiros através de plataformas de comunicação digital disponíveis.

Se a situação estiver sob controle, voltamos ao escritório a 8 de Abril, caso contrário continuaremos a trabalhar em quarentena até que seja possível retomar.

Estamos juntos e solidários

JUSTIÇA AMBIENTAL JA!

Rua Kamba Simango Nº 184 Maputo

Contacto: 82 3061275 / 21 496668-mail: jamoz2010@gmail.com

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