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Violaçao de direitos humanos pela empresa Mozambique Holdings Lda. em Lugela

Em 2015 as terras que pertenciam à Madal, no Distrito de Lugela na Província da Zambézia, foram trespassadas para a Mozambique Holdings Lda, uma transnacional de capital indiano que desenvolve inúmeras actividades entre estas a mineração, venda de material militar, construção de estradas, transporte e logística. Em Lugela o objectivo da Mozambique Holdings Lda é a plantação de árvores, seringueiras, para exportação e a produção de borracha.

Desde a sua entrada na área, tem sido reportados vários casos de conflito entre os membros das comunidades locais, nomeadamente de Nvava, Limbue Sede, Namadoe e Nangaze. Os conflitos e problemas relatados pelos afectados tem sido diversos, desde casos de conflito de terra, à falta de respeito com que os gestores da empresa tratam os membros das comunidades, até mais recentemente proibição de passagem por caminhos e vias que atravessam a sua área mas sempre foram utilizados pelas comunidades pois não há vias de acesso alternativas. Segundo as comunidades a relação com o pessoal gestor da Madal era positiva, como não utilizavam toda a sua área e permitiam que as comunidades locais estabelecessem as suas machambas, casas e cemitérios da família em determinadas áreas, e assim foi ao longo de inúmeros anos… Com a chegada da Mozambique Holdings Lda. tudo mudou e as machambas, casas e cemitérios foram retirados, largas áreas de vegetação completamente destruídas para dar espaço às suas árvores… mas ninguém apresenta a documentação do processo de trespasse de DUAT, do processo de licenciamento ambiental, nada… nada que a Lei prevê que seja informação pública é pública de facto.

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As comunidades não têm esta informação! Os chefes locais não têm esta informação e o governo a nível central simplesmente não dá acesso a esta informação!

No passado dia 26 de Abril pelas 7 horas da manhã quando um membro da comunidade de Nvava, seguia da comunidade de Namadoe onde tinha estado num funeral de regresso à sua comunidade, utilizou uma das vias que passam na área da Mozambique Holdings Lda e encontrou-se no caminho com três senhores, supostos “chefes” indianos que o agarraram, começaram a baterna área da Mozambique Holdings Lda.-lhe com um pau de bambu, retiram-lhe a camisa e amarraram-na ao seu pescoço e foi espancado por estes três indivíduos com o pau de bambu. Isto simplesmente porque estava a atravessar um dos caminhos de terra batida

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O agredido foi ao hospital, os pontos focais das associações comunitárias foram ao local e chegaram a falar com os três agressores que confirmaram sem nenhum receio que bateram sim porque ele passou ali. O caso foi denunciado à Polícia de Tacuane, que se mostrou bastante preocupada e a seguir a situação; e ainda aos chefes de posto locais que pouca ou nenhuma importância deram ao assunto, talvez seja porque a empresa supostamente traz “desenvolvimento” ou talvez porque sempre se pode apanhar algumas migalhas!

Este não foi o primeiro caso de conflito, houve casos anteriores em que membros da comunidade foram impedidos de passar por essas vias, casos em que foram retiradas as suas enxadas e só muito mais tarde e com a intervenção das associações e que foram devolvidas, constantes insultos e falta de respeito… estes casos têm sido apresentados aos chefes de posto e às autoridades locais, mas estes pouco ou nada fazem pelas comunidades!

Srs. Que se acham impunes e acima da Lei, este caso não vai cair no esquecimento!

Não vamos permitir de modo algum que estes incidentes continuem! CHEGA!!!

Não à impunidade corporativa e Violação de direitos humanos!

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Comunicado

A Justiça Ambiental tem acompanhado com preocupação a situação da pandemia do Corona Virus pelo Mundo. A situação actual é extremamente preocupante e dramática, neste momento o Corona vírus já se espalhou por 197 países do mundo, com cerca de 387 354 casos confirmados e 16 758 mortes.

Estamos solidários com todos os Países que sofrem neste momento, que se desdobram em esforços para conter esta pandemia. Estamos igualmente solidários e gratos a todo o pessoal médico que tem estado na linha da frente no combate a esta pandemia, a solidariedade e dedicação destes profissionais de saúde pelo mundo tem sido uma mostra do que de melhor a Humanidade tem.

Infelizmente Moçambique ja foi oficialmente confirmado com tcinco casos positivos de Covid-19, o que deve ser motivo mais do que suficiente para intensificar todas as medidas de prevenção necessárias para evitar a propagação deste vírus. Com vários países em África já com casos positivos, e outros tantos a tomar medidas sérias de contenção como o encerramento das suas fronteiras, particularmente as fronteiras com países com inúmeros casos é urgente que o nosso governo tenha coragem e tome medidas mais radicais de modo a conter o alastramento do novo Corona vírus pelo país, nem que isso implique o fechamento temporário de todas as fronteiras. De que estamos à espera?

Por um lado temos observado alguns países de África, antes de ter casos confirmados, como Angola, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe a fechar as suas fronteiras e os aeroportos, como medida de contenção e demonstrando que têm consciência da sua vulnerabilidade, relativamente à falta de estruturas e recursos para fazer face a uma pandemia. Por outro lado, é muito preocupante, quando sabemos que em Moçambique não pararam de entrar, todos os dias pessoas vindas de países com elevadíssimos índices de contaminação, como a China, Itália, Portugal, Espanha…etc. E que até ao momento o que lhes era solicitado é que fizessem a quarentena domiciliar voluntária. E quem cumpre? Quem verifica se há cumprimento desta medida? Sabemos igualmente que muitos não a cumprem. Realisticamente, o que podemos esperar?

Porém, como cidadãos deste país temos plena consciência das inúmeras e graves fraquezas do nosso sistema nacional de saúde, e a preocupação de muitos moçambicanos é visível. Vamos alegar que não tivemos tempo para nos prepararmos? Vamos trazer a nossa lista de insuficiências para justificar porque fomos incapazes de conter esta pandemia? E o foi feito até ao momento para evitar a todo o custo esta pandemia no nosso país?

Só no dia 23 de Março, é que o nosso Governo apresentou algumas medidas mais concretas como o encerramento de todas as escolas no país, o cancelamento de encontro com mais de 50 pessoas, e a quarentena obrigatória a todos os que entram em Moçambique. Porém, como cidadãos deste país temos plena consciência das inúmeras e graves fraquezas do nosso sistema nacional de saúde, e a preocupação de muitos moçambicanos é visível.

Institucionalmente, a Justiça Ambiental (JA) tem cumprido com as normas e medidas de higiene e cuidados dentro do nosso escritório, todo o pessoal está devidamente informado e sensibilizado para evitar a propagação do Corona Vírus. Igualmente foram canceladas todas as viagens internacionais, todas as reuniões fora do País, encontros na JA, e assim como as 3 reuniões que a JA! estava a organizar em Maputo com convidados internacionais. Paramos com os trabalhos de campo, para evitar qualquer contaminação com as comunidades rurais que trabalhamos e estamos a acompanhar atentamente a situação.

Acreditamos e defendemos que a prioridade nestas situações, pandemia global com inúmeros países em estado de emergência, é o bem-estar das pessoas, e que todos e cada um de nós é responsável por minimizar os impactos desta pandemia, temos que pensar como colectivo, temos que agir como um colectivo, temos que resgatar urgentemente o sentimento de comunidade e de solidariedade, este vírus já nos mostrou que estamos todos conectados, no entanto, alguns de nós são muito mais vulneráveis, tais como os idosos e pessoas com algumas condições e temos que nos proteger para assegurar que os protegemos também, pensar e agir como colectivo e não só no EU, mas em toda a humanidade. Com certeza esta pandemia terá impactos gravíssimos sobre a economia capitalista como a conhecemos e queremos acreditar que esta enorme desgraça pode ser uma oportunidade única para uma profunda análise e transformação global da forma como temos vindo a destruir, poluir e dizimar ecossistemas, espécies e a reavaliar o impacto da Humanidade no planeta, e consequentemente em nós mesmos como Humanidade.

Estamos com receio, estamos com receio pelos nossos mais vulneráveis, estamos com receio pela nossa família, por nós, pelos nossos colegas, vizinhos, pelas comunidades rurais com as quais trabalhamos, pelos moçambicanas e moçambicanos, pela humanidade…

Numa crise como esta, é que muitos começam a dar valor ao que é importante. Acreditamos que juntos encontraremos maneiras de trabalhar, partilhar as nossas preocupações, compreender as necessidades de cada um, os nossos medos e apoiar uns aos outros para seguir em frente, com as diferenças e o contexto de cada um de nós. Acreditamos ainda que o melhor de nós irá prevalecer…

Precisamos de ser solidários, e mais do que nunca, precisamos de estar juntos, com empatia, bondade, apoio e igualdade entre a nossa equipe, nas nossas comunidades, na nossa cidade, a nível nacional e internacional.

Apelamos aos comerciantes que não se aproveitem desta crise, inflacionando os preços dos bens de consumo de modo a maximizar lucros às custas da desgraça e do medo, como temos visto vezes sem conta neste e noutros países. O mesmo apelo vai para às farmácias, pois já se vê cobrarem 2000.00mts por 500ml de álcool. Apelamos ainda a todos os moçambicanos que sejam conscientes do que realmente necessitam, pois a grande maioria não tem condições para comprar a grosso e armazenar.

Apelamos às clínicas e hospitais privados, que pensem nas vidas das Moçambicanas e Moçambicanos acima de qualquer lucro, e que se aproximem do governo e se disponibilizem a receber e acomodar pacientes, ou então que o governo tome a iniciativa , como se viu na Espanha, em que o governo nacionalizou temporariamente, todas as empresas privadas de assistência medica para melhor gerir a pandemia. Em situações de crise as gritantes desigualdades ainda se mostram mais expostas e mais injustas.

Apelamos a sociedade no geral para que cumpram de forma rígida e restrita todas as medidas de prevenção e contenção anunciadas até ao momento, sempre que possível permaneçam nas suas respectivas casas e evitem saídas ou deslocações desnecessárias.

Apelamos ao nosso governo, se tivermos que chegar a situação duma quarentena obrigatória, que apoie os seus cidadãos, como muitos dos exemplos que temos, de vários países em suspenderem os pagamentos de taxas, dívidas, água , energia e muitos outros fornecimentos básicos, durante a quarentena obrigatória.


Apelamos ao Governo que tome todas as medidas necessárias para evitar a propagação deste vírus no nosso país, de modo a evitar uma grande tragédia. Embora já tenham sido tomadas algumas medidas, julgamos que a situação que temos acompanhado nos outros países exige maior seriedade. Que também veja em como acomodar e dar alimentação aos mais desamparados e em maior risco.

A partir desta terça- feira, 24 de Março, o escritório da JA! estará temporariamente encerrado ao público, todo o pessoal técnico estará a trabalhar a partir de casa da melhor forma possível. Continuamos a manter contacto com os nossos parceiros através de plataformas de comunicação digital disponíveis.

Se a situação estiver sob controle, voltamos ao escritório a 8 de Abril, caso contrário continuaremos a trabalhar em quarentena até que seja possível retomar.

Estamos juntos e solidários

JUSTIÇA AMBIENTAL JA!

Rua Kamba Simango Nº 184 Maputo

Contacto: 82 3061275 / 21 496668-mail: jamoz2010@gmail.com

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Comunidades afectadas pela empresa Green Resources em Nampula continuam à espera de ver resolvidas as suas preocupações

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Há mais de 5 anos que a Justiça Ambiental tem vindo a denunciar os inúmeros conflitos de terra entre a Green Resources Moçambique e as comunidades rurais afectadas pelas plantações da empresa. Para além da denúncia, a JA! tem igualmente vindo a exigir a intervenção do governo na resolução destes conflitos. Em 2015, a Justiça Ambiental em parceria com a Livaningo e a União Nacional de Camponeses, realizou um estudo sobre a situação denominado “O Avanço das Plantações Florestais sobre os Territórios dos Camponeses no Corredor de Nacala: O caso da Green Resources Moçambique”, e ainda um documentário sobre o mesmo tema. O estudo surgiu da necessidade de registar os referidos conflitos de terra, bem como suas causas e seus principais afectados, de modo a dar voz aos inúmeros apelos das comunidades afectadas e na esperança de ver as questões resolvidas.

Desde 2012 que as comunidades afectadas têm vindo a reclamar junto dos órgãos locais do governo e da empresa e nada foi resolvido. O estudo confirma que parte das áreas atribuídas à Green Resources pelo Governo moçambicano coincidem, em muitos casos, com as áreas ocupadas pelas famílias e comunidades locais, e que as compensações às comunidades locais, quando aconteceram, foram injustas, irrisórias e pagas através de processos nada dignificantes para as pessoas e famílias afectadas, para além de não ter sido respeitada a Directiva Geral para o Processo de Participação Pública através do Diploma Ministerial Nr. 130/2016 de 19 de Julho.

Passados cerca de 8 anos – e decorridos inúmeros apelos, cartas, petições, encontros de sensibilização com instituições governamentais relevantes, com a empresa, com a Embaixada da Noruega (por se tratar de um investimento norueguês) e até viagens à Noruega e à Suécia – as comunidades afectadas continuam a reclamar pela reposição dos seus direitos, pela devolução das suas terras, pelo pagamento de compensações justas e pelo cumprimento das muitas promessas efectuadas apenas para obter o seu consentimento e que, desde então, foram esquecidas. Até à data, muitas destas cartas e petições continuam sem resposta e os representantes das comunidades afectadas continuam a andar de porta em porta nos gabinetes do governo local e provincial a apelar para a resolução da sua situação e nada acontece.

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No passado dia 24 de Junho do corrente ano, teve lugar um encontro de auscultação às comunidades afectadas a nível do distrito de Ribaue. O encontro foi presidido pelo Administrador do Distrito de Ribaue e contou com a participação: do Director dos Serviços das Actividades Económicas, do Chefe do Posto Administrativo de Ribaue-sede, do Chefe da Localidade de Namiconha, de Líderes Comunitários das comunidades afectadas, de representantes da empresa e de membros das comunidades (452 membros). Neste encontro, mais uma vez, os afectados exigiram ao governo do Distrito, na pessoa do Administrador, a resolução com máxima urgência dos casos mal parados entre a empresa e as comunidades, incluindo todas as promessas feitas durante o processo das consultas comunitárias.

Perante as exigências das comunidades e dada a gravidade do assunto, o Administrador propôs que se retomasse a discussão no mês seguinte (Julho) na cidade de Nampula com o envolvimento do Governador da Província, da Direcção Provincial da Agricultura e de representantes da empresa e dos afectados. No entanto, desde então nada mais aconteceu. Os representantes das comunidades afectadas tem pressionado o governo do distrito para a marcação do referido encontro e este tem vindo a ser marcado e posteriormente cancelado vezes sem conta.

As comunidades afectadas sentem-se enganadas pela empresa e pelo governo e completamente abandonadas à sua sorte. Enquanto uns desistem da luta e abandonam o local, noutros cresce a revolta e ameaçam queimar toda a plantação. Outros tantos ainda querem marchar até Maputo, pois creem que foi em Maputo que deram as suas terras à empresa. O desespero é visível e a situação precária em que vivem estas comunidades é evidente para qualquer um que as visite.

Até quando a impunidade destas empresas? Até quando vamos ter um governo para as empresas e não para o povo?

Até dizermos Basta!

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Tecnologia, dinheiro e o desenfreado enfraquecimento da democracia: Para onde caminhamos?

countries where Cambridge analytics meddled

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Recentemente, os cineastas Karin Amer e Jehane Noujaim, que também documentaram o movimento da Primavera Árabe no Egipto há alguns anos, lançaram um novo filme chamado The Great Hack (Nada é Privado: O Escândalo da Cambridge Analytica, na versão portuguesa).

Os personagens do filme descrevem como os “serviçais do autoritarismo”, como o Facebook, estão “a brincar com a psicologia de um país inteiro sem o seu consentimento ou conhecimento … no contexto do processo democrático”.

The Great Hack narra a história de como o Facebook vendeu os dados de milhões de pessoas a uma empresa chamada Cambridge Analytica, sediada no Reino Unido. Mas não se trata apenas do comprometimento dos dados pessoais de milhões de pessoas. Não se trata apenas das minhas fotos de bebé, das nossas fotos de saladas, das nossas histórias serem usadas de maneiras que não intencionávamos. A questão é muito mais sombria. Os dados foram usados ​​para minar a democracia em muitos países do mundo. Essa é a parte assustadora da história, e que deve nos fazer parar e pensar.

Os dados pessoais e as preferências pessoais de utentes do Facebook foram utilizados pela Cambridge Analytica para semear a divisão em países do mundo, com o único objetivo de minar a democracia e permitir vitórias políticas. Definitivamente, esse foi o caso nos EUA durante a eleição presidencial de 2016, em que os dados foram usados ​​para identificar as pessoas indecisas, denominadas “persuasíveis”, e elas foram alimentadas especificamente com informações que aumentariam seu apoio a Donald Trump.

A mesma táctica foi usada pela campanha para a Grã-Bretanha deixar a União Europeia, num processo chamado Brexit, em 2016. Mais de três anos depois, o Brexit continua a dividir o povo do Reino Unido de uma maneira terrível, prejudicando a democracia. Apenas alguns dias atrás, o primeiro-ministro britânico Boris Johnson conseguiu que a monarca britânica suspendesse o parlamento britânico para que seu acordo com o Brexit não pudesse ser discutido e criticado no Parlamento. Uma clara violação da democracia.

Essas tácticas de matar a democracia também foram usadas em muitos outros países. Um exemplo disso foi a interferência e a destruição da democracia manipulando jovens eleitores nas eleições presidenciais em Trinidad e Tobago em 2010, onde anúncios no Facebook e outros, foram usados ​​para suprimir a votação de um grupo racial específico no país. A princípio, o partido no poder de Trinidad e Tobago negou, mas desde então foram forçados a admitir que tiveram conversas com a Cambridge Analytica!

Embora o pessoal da Cambridge Analytica tenha admitido o seu intrometetimento nos EUA, Trinidad e Tobago e em outros países, nunca admitiu se ter intrometido no Brexit. Provavelmente, o motivo é que, como a Cambridge Analytica estava sediada no Reino Unido no momento dessas actividades, admitir a sua intromissão num processo político do Reino Unido trar-lhes-ia consequências sérias. Mas isso é especulação. Não está claro porquê sempre negaram estar envolvidos no Brexit, embora haja gravações de conversas entre seus funcionários e membros da campanha a favor da saída.

O que significa tudo isto? Esta é a nova era do capitalismo de vigilância e a maneira como está a minar os nossos direitos humanos é assustadoramente real. Lutamos contra o poder absoluto e a impunidade das empresas transnacionais (TNC’s), lutamos por um tratado vinculativo através do qual o poder e a impunidade das TNC’s possam ser controlados. As TNC’s promovem energia suja e danosa em todo o mundo e estão a acelerar o desmatamento e a exacerbar a insegurança alimentar em todo o planeta. Agora descobrimos toda uma nova nefastidão das TNC’s – as grandes empresas de tecnologia têm agora tanto poder que estão a usar os nossos dados para minar os nossos direitos democráticos básicos. A democracia representativa é um sistema em que os tomadores de decisão são eleitos pelo povo para que, como tal, as pessoas tenham um papel e voz nas decisões que afectam suas vidas. Portanto, os tomadores de decisão devem prestar contas às pessoas que os elegeram. No entanto, observamos há muitos anos os nossos sistemas democráticos a serem lentamente minados. Muitas vezes, isso ocorre através da influência indevida do dinheiro – aqueles que gastam mais dinheiro numa eleição, geralmente ganham-na. Mas agora isso está a ser levado para um nível totalmente novo. As nossas preferências políticas, que compartilhamos nas redes sociais, estão a ser rastreadas e usadas contra nós.

As nossas democracias e as nossas sociedades estão sob ataque. Um artigo no Guardian de 8 de agosto de 2019 revelou que “quase metade das pessoas do mundo vive em países onde a liberdade de expressão e o direito à privacidade estão a ser corroídos”. O nosso país, Moçambique, foi listado como um dos países em que a liberdade de expressão está sob risco extremo. Isso é muito preocupante.

Então, o que aconteceu com a corporação Cambridge Analytica? No final de Julho de 2019, a Comissão Federal de Comércio dos Estados Unidos, aplicou uma multa de $ 5 bilhões de dólares ao Facebook e à Cambridge Analytica. Isso foi motivado pelo lançamento do filme The Great Hack. Tal já é uma jogada útil, porque ataca o dinheiro dessas empresas sujas. Mas não é o suficiente. A Cambridge Analytica foi fechada, mas seus activos foram comprados pela influente família Mercer e suas subempresas. O que significa isto? O ciclo de impunidade das empresas continuará inabalável? Precisamos combater essas tendências. Diz-se às vezes que viver no mundo moderno de hoje, é como viver numa casa de vidro. Os nossos dados são muito públicos. Mas nós, como consumidores, como activistas, precisamos de lutar contra a impunidade das grandes empresas de tecnologia. Talvez isso signifique que precisemos de, pelo menos, colocar cortinas em nossas casas de vidro. Precisamos de nos proteger e de ajudar outros activistas a protegerem-se. As nossas democracias estão em jogo. Muito está em cima da mesa. Precisamos de nos informar e de lutar contra essa manipulação e contra o assassinato das nossas democracias.

Para mais informações, consulte as contas do twitter das seguintes pessoas:

https://twitter.com/carolecadwalla

https://twitter.com/WendySiegelman

https://twitter.com/profcarroll

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